sexta-feira, abril 11

Proteja suas ações dos gringos especuladores

Sabemos que investidores estrangeiros investem em empresas brasileiras. Só neste mês de março, 25% das compras e vendas de papeis da Bovespa foram negociados por estrangeiros de acordo com o site da BM&FBovespa. Isso não é um problema, na verdade isso é solução. Quanto mais gente investindo no Brasil, melhor. O problema acontece quando os gringos resolvem especular agressivamente com os papéis brasileiros. A pergunta deste tópico é: Como dormir tranquilo vendo seu patrimônio ora subindo, ora descendo, feito uma montanha russa? Bom, Existem muitas técnicas de proteção de patrimônio chamado Hedges e vou comentar neste tópico como se proteger dos especuladores estrangeiros sem deixar de investir nas empresas de capital aberta presentes na BOVESPA.

Antes de tudo, não confundam investimento de alto risco com especulação. O sucesso na vida depende de altos riscos, ninguém vence na vida fazendo as mesmas rotinas banais e vivendo na mesmice entediante da zona de conforto. As grandes vitorias sempre vem de grandes riscos. Porem podemos sim evitar a especulação eufórica, o risco desnecessário, a jogatina, que são riscos que não dão retorno no longo prazo. Este post discutira especificamente como se proteger do risco desnecessário causada pela especulação estrangeira.

Antes de entrar no conceito matemático, vamos tentar entender qualitativamente a relação entre o dólar e o índice Bovespa (IBOV). De acordo com a lei da oferta e da procura, quando os investidores investem ou sacam o dinheiro investido no Brasil, ele acaba afetando tanto o valor do dólar quanto o índice Bovespa. Abaixo segue dois exemplos simples.

Quando um investidor estrangeiro resolve comprar acoes no Brasil, primeira coisa que ele precisa fazer é comprar reais, pois as ações da Bovespa não são negociadas em dólares. Isso faz com que a demanda por reais aumente. No mesmo momento, não há variação da oferta de reais. Portanto o preço do real sobe com relação ao dólar, causada pela lei da oferta e demanda. Se o preço do real sobe perante o dólar, o preço do dólar cai perante o real. Conclusão, quando muitos investidores externos resolvem injetar dinheiro no Brasil, o preço do dólar cai. O inverso segue a mesma lógica: Se o investidor estrangeiro levar sua grana pra casa, o dólar sobe.

Com relação ao índice BOVESPA, o efeito eh muito mais intuitivo e não precisa de muita explicação: Quando muitos investidores externos resolvem injetar dinheiro no Brasil pra comprar acoes da BOVESPA, o valor do IBOV sobe, já que a demanda por ações aumenta. O inverso segue a mesma lógica: Se o investidor estrangeiro levar sua grana pra casa, o IBOV desce.

Reparem que existe uma correlação negativa entre dólar e o IBOV, quando um sobe o outro tende a cair, e vice-versa. Mas obviamente que a queda de um não causa a subida do outro. Ambos movimentos são causados por um agente em comum: o investidor estrangeiro. Correlação não implica causalidade, mas a correlação existe e podemos proteger nosso patrimônio usando essa correlação. Basta comprar dólar em uma proporção X com relação ao seu portfólio da BOVESPA. Se der a louca no investidor externo causando fuga de capitais, o IBOV despenca e você perde, mas o valor do dólar aumenta e você ganha, equilibrando seu capital total.

Esta técnica se chama Hedge de Dólar e muitos bancos e fundos oferecem esse serviço. O problema é que eles cobram a famosa taxa de administração. No meu próximo post sobre esse assunto, vou explicar como obter esta proporção X, usando matemática simples (ou menos complexo possível) e como executar o Hedge de Dólar na pratica.

Lembre-se: O investidor estrangeiro não é o único fator que rege a variação do dólar, tão pouco é o único fator que rege a variação do IBOV. No entanto, a correlação existe e é nessa correlação que iremos nos focar no próximo post.


sábado, abril 5

Projeção e análise do índice BOVESPA

Neste post vou começar comentando sobre outro post que fiz a 2 anos atraz, depois mostrar a continuidade da queda que vem acontecendo desde 2010 e uma leitura importante: Uma possível alta de curto prazo.


Em maio de 2012, eu publiquei uma analise do índice BOVESPA, usando o ponto de vista do investidor estrangeiro, que é o índice BOVESPA indexado ao dollar (IBOV/dolar). Naquela época, o gráfico do IBOV mostrava um suporte forte de mais de 20 anos e por causa disto, muitos estavam comprando "fortemente" pois acreditavam que estavam num período de preços baixos (veja ponto 10 neste link). A idéia central do post que publiquei (clique aqui para ver) dizia que este suporte de 20 anos não existia quando usavamos o IBOV/dolar. Consequentemente, muitos estavam confiante com um suporte histórico de 20 anos, enquanto que quem via o IBOV/dólar, que é a grande maioria dos investidores, notava que não existia suporte nenhum e tinha espaço pra muito mais quedas. Veja a analise completa no post anterior clicando aqui.



O gráfico acima e o mais detalhado abaixo não são gráficos do IBOV, mas sim, o gráfico do IBOV indexado ao dólar (IBOV/dolar). Utilizo este gráfico pois eu acredito que estes sejam visualizado por muito mais pessoas com poder de decisão do que o gráfico padrão do IBOV. Não só o capital estrangeiro se baseia neste gráfico, mas também grandes empresas brasileiras. Somente pessoas físicas brasileira (em média, claro!) são os que fazem leitura usando o gráfico do IBOV, o que corresponde a somente 10% de todos que operam na BOVESPA.


Clicando do gráfico acima, podemos notar que quando o suporte de alta foi quebrado em Maio de 2012 (ponto 1 no gráfico), um canal forte de baixa foi gerado, que vem se mantendo já faz 4 anos. Este suporte vem sendo testado, nos pontos 2 e 3, e talvez poderá também ser testado novamente num futuro próximo. Caso este suporte seja rompido, existe um grande suporte psicológico (ponto 4 no gráfico), que é justamente fundo do poço da crise de 2008. Existe uma chance real de chegarmos lá, o que será muito bem vindo pois será um ótimo ponto pra compras.

Em caso de alta, o índice poderia chegar a testar a resistência formada por este canal de baixa de 4 anos (ponto 5 no gráfico). Caso esta resistência seja rompida, poderíamos testemunhar o começo de um novo ciclo de alta. O que será muito bem vindo também. Bolsa é assim, se ela sobe a gente acha bom, se ela desce a gente acha bom também.

Reparem num indicio de forte alta de curto prazo. Primeiro, reparem nos dois fundos mostrados pelos pontos 2 e 3 no gráfico. O ponto 3, formado em março de 2014, está localizado abaixo do ponto 2, que foi  formado em julho de 2013. No entanto, quando olhamos para o índice de força relativa (IFR -gráfico vermelho localizado na parte inferior do gráfico principal) vemos que a minima formada em março de 2014 está muito acima da minima formada em julho de 2013. Em outras palavras, a linha azul (ponto 6) está subindo e a linha azul (ponto 2 e 3) está descendo. Isso é um indicio forte de reversão de tendencia (Quem quer se aprofundar em IFR, clique aqui).

Concluindo, esta alta que começou dia 19 de março de 2014 tem tudo para continuar subindo no curto prazo, podendo chegar a testar até mesmo a resistência no ponto 5. Ou seja, ainda tem espaço pra mais altas no curto prazo. Mas com a Copa e as eleições chegando, muita coisa pode acontecer. Existe tantos cenários que não há como fazer previsão nenhum. Isso é no máximo uma leitura atual do mercado.